Innovation Network Portugal em parceria com a Innovation International Alliance

terça-feira, 22 de abril de 2008

A universidade e o futuro


Bolonha - que como se sabe aumenta significativamente a mobilidade do talento no espaço europeu - vem sublinhar a necessidade de aumentarmos a sério a competitividade do nosso ensino Universitário. Neste contexto e embora não sendo suficiente, parece-me necessário alterar o modelo de governo das Universidades. Começar por separar a gestão estratégica ligada à componente académica - no ensino e na I&D - da gestão operacional, que deve ser profissional. Neste plano, integre-se o que há para integrar, aproveitem-se as sinergias operativas, estabeleça-se uma cultura de prestação interna de serviços e uma lógica empresarial, porque os recursos são escassos e as necessidades crescentes. Em suma, menos custos de «overhead» para mais e melhor ensino e produção científica.

No plano académico, acredito na agregação das unidades orgânicas clássicas em novas áreas de saber, mais abrangentes, em rede, com liderança e escala. O conhecimento não se desenvolve em silos estanques, porque as ciências são realidades integradas, pluridisciplinares.

O novo modelo de governo deve, sem ambiguidades, reafirmar a unidade da Universidade, reforçar o papel do seu líder, flexibilizar a gestão da mudança, e acomodar uma estratégia de competitividade.

Fonte: João Picoto, Expresso, 19 de Abril de 08

quinta-feira, 17 de abril de 2008

A Inovação na Terra do Pai Natal

Tive, recentemente, a oportunidade de conhecer em detalhe o sistema de inovação da Finlândia. A Finlândia ocupa hoje os lugares cimeiros em praticamente todos os «rankings» internacionais ligados à competitividade, investigação e desenvolvimento, inovação e desenvolvimento da sociedade da informação e do conhecimento.

Os finlandeses reconhecem, com orgulho, que o sucesso do país se deve à aposta sustentada na educação, investigação e tecnologia. Investem anualmente 3,5% daquilo que produzem em actividades ligadas à inovação. Mais de 5 B€, dos quais 70% são assegurados pelo sector privado. A parceria entre o sector privado e o sector público é uma constante e um factor determinante nas decisões de suporte aos projectos de investigação. Os incentivos públicos às unidades de investigação das universidades estão condicionados ao envolvimento das empresas no financiamento e na execução dos projectos. O sistema promove e favorece a ligação entre a universidade e a indústria, potenciando a aplicação comercial dos resultados da inovação. A incubação de novas empresas de base tecnológica é assumida como um dos principais objectivos.

A pequena dimensão, o facto de cerca de 68% do território ser coberto por floresta e a existência de uma população de apenas 5,4 milhões, poderiam levar a pensar que as actividades de inovação estariam essencialmente concentradas na capital, em Helsínquia. Tal não é verdade. A Finlândia aposta fortemente no poder local e na regionalização. 20 universidades, 29 politécnicos e 22 parques de ciência e tecnologia, estão distribuídos pelas diferentes cidades, articulando-se em «clusters» com um conjunto significativo de empresas tecnológicas nas áreas das TIC, das quais a Nokia é o exemplo mais paradigmático, da floresta, saúde, biotecnologia, ambiente, energia, materiais, etc.

Na intervenção dos principais actores sente-se uma atitude permanente de colaboração e parceria.

Vale a pena reflectir e aprender com o exemplo finlandês. Não basta contudo acreditar no Pai Natal. É preciso muito trabalho para garantir que as prendas possam, um dia, vir a aparecer no nosso sapatinho.

Fonte: Paulo Nordeste, Expresso, 12 de Abril de 08

domingo, 13 de abril de 2008

Portugal vendeu mais tecnologia do que importou

O primeiro-ministro, José Sócrates, afirmou hoje, durante a inauguração do novo Centro de Competências da Fujitsu, que Portugal registou o ano passado, pela primeira vez, uma balança tecnológica positiva, tendo exportado mais tecnologia do que importou.

"A balança tecnológica portuguesa em 2007 foi finalmente positiva. Portugal vendeu mais tecnologia do que importou", afirmou o primeiro-ministro durante a cerimónia de inauguração do novo centro da empresa japonesa líder na Europa de prestação de serviços de tecnologia de informação.

"Isto mostra uma evolução no perfil de Portugal e uma mudança de paradigma", afirmou o primeiro-ministro, sublinhando que a "exportação de serviços a empresas é já maior do que a exportação dos sectores tradicionais, como o calçado e o têxtil".

A Fujitsu Services espera investir 10 milhões de euros no novo Centro de Competências até ao final deste ano e 4,2 milhões de euros anuais nos próximos anos, afirmou o director-geral da Fujitsu Portugal, Carlos Barros.

Este novo centro, que emprega actualmente 200 pessoas, e espera até ao final do ano atingir os 500 colaboradores, vai fornecer serviços a 40 mil utilizadores em 106 países.

A escolha de Portugal para instalar este novo centro, entre vários países onde o grupo opera, deve-se, segundo Carlos Barros, às qualificações dos portugueses para falar uma segunda língua, à capacidade do país de atrair investimento e pessoas que falem vários idiomas.

Fonte: JN, 29 de Janeiro de 2008

Portugal dos pequeninos

Em 2007, no rescaldo do 3GSM World Congress, desafiei as diferentes empresas que tinham estado presentes em Barcelona para estudarmos em conjunto uma forma mais inovadora de organizar a participação em 2008. Como é costume ninguém aderiu à ideia e cá viemos de novo, cada qual por si, 10 pequenos espaços perdidos na imensa área ocupada pelas 1300 empresas que este ano, sob o tema «ideas in motion», arribaram à Catalunha.

A GSM Association, entidade responsável pela organização do evento, estima que cerca de 80000 pessoas possam ter visitado a feira. Perdemos assim, na minha opinião, mais uma oportunidade de contribuir para a afirmação do Portugal Tecnológico que todos queremos ajudar a construir.

Será que não existe uma forma mais inteligente e eficaz de rentabilizar os poucos metros quadrados que cada empresa consegue alugar? Vamos continuar a alimentar o preconceito de esconder, por trás de um nome em inglês, a origem da nossa tecnologia?

Não é preciso inventar nada! Basta aprender com outros países, com destaque para os que têm a nossa dimensão como a Irlanda, a Holanda, a Dinamarca, a Noruega, a Finlândia, a Suécia, a Hungria ou Israel, que agregaram as suas empresas tecnológicas num mesmo espaço, ou em espaços adjacentes. Esta organização é tipicamente conduzida por entidades governamentais ligadas ao comércio externo, com o objectivo de promoção da capacidade tecnológica e da imagem dos respectivos países. Antes da feira as embaixadas fizeram o trabalho de casa, multiplicando contactos, tentando agendar visitas aos respectivos «stands».

Não poderia a nossa AICEP tentar seguir o exemplo das suas congéneres internacionais? Pelo impacto que tem na economia do conhecimento o sector das TIC não deveria ser uma das maiores apostas para as nossas exportações?

Acho que o modelo do Portugal dos pequeninos, ainda por cima dispersos e divididos, está ultrapassado. Só conseguiremos ter dimensão e credibilidade se conseguirmos associar-nos e trabalhar em rede.

Fonte: Paulo Nordeste, Expresso, 16 de Fevereiro de 2008