Innovation Network Portugal em parceria com a Innovation International Alliance

domingo, 16 de março de 2008

É preciso acreditar

A inovação nas organizações tem de ser uma atitude vivida e partilhada por todos. Não pode ser esporádica, mas sistémica e permanente. Não aparece espontaneamente mas tem de ser fruto de uma decisão consciente dos seus principais responsáveis.

Para ter sucesso, a inovação precisa de ser planeada, ter recursos humanos, financeiros e logísticos adequados, tempo para se afirmar e, obviamente, conseguir obter resultados mensuráveis em tempo útil. A inovação não pode estar confinada às pessoas do departamento de investigação e desenvolvimento mas exige o envolvimento de toda a empresa, nomeadamente das áreas de marketing, comercial e engenharia. Poucas são as empresas que têm a sorte de alcançar uma inovação radical. Na maioria dos casos, a inovação é incremental, feita de pequenos passos, muito trabalho, paciência e persistência.

A competição global a que as empresas estão sujeitas, com a consequente necessidade de apresentarem resultados no curto prazo, torna difícil atribuir à inovação a atenção, o tempo e a prioridade necessárias ao seu desenvolvimento. Não é fácil mobilizar as pessoas para investirem em acções cujo resultado não é imediato. As unidades de negócio, pressionadas pelos objectivos anuais, dificilmente libertam os recursos necessários e apropriados, para a participação em projectos de inovação cujo impacto só se fará sentir mais tarde.

Ao contrário dos projectos de investigação e desenvolvimento que, em determinadas situações, podem ser feitos no exterior da empresa por universidades ou unidades de interface, a inovação não é delegável.

Uma das decisões mais difíceis da gestão de uma empresa é conseguir um equilíbrio adequado entre as actividades de curto, médio e longo prazo.

A inovação tem de estar presente em todas elas e constitui uma forma poderosa de as interligar. Trabalhar no futuro permite, muitas vezes, encontrar a solução mais adequada para resolver os problemas do presente.

A percepção dominante em muitas empresas é que a inovação é um custo e não um investimento. Assim, quando há necessidade de cortar custos, as actividades ligadas à inovação estão entre as principais candidatas à redução ou extinção. Nessas situações, é preciso encontrar a arte e o engenho para resistir, continuando a acreditar que, sem inovação, não há futuro.

Fonte: Paulo Nordeste, 15 de Março de 08

domingo, 9 de março de 2008

A geografia da inovação

O mundo é plano, escreveu Thomas Friedman em 2005. Não é bem assim, respondeu Richard Florida chamando a atenção para os picos, colinas e vales na geografia da inovação. Na altura, a maioria dos picos da inovação estava concentrada nas costas Leste e Oeste dos EUA, no Norte da Europa e no Japão. Os números da Organização Mundial da Propriedade Intelectual no que respeita ao registo de patentes em 2007 mostram o aparecimento de novos picos de inovação. Os EUA continuam a ser líderes mundiais no registo de novas patentes. O Japão está em segundo lugar e a Alemanha em terceiro. As mudanças a ter em conta vêm a seguir. A Coreia do Sul ultrapassou a França e subiu ao quarto lugar. A China subiu ao sétimo lugar. Em 2007 o Nordeste da Ásia foi responsável por mais de um quarto das patentes registadas.

Fonte: Expresso, 8 de Março de 2008

Gazelas, tartarugas e foguetões

As instituições de capital de risco preferem empresas que procuram uma oferta pública de venda num período que raramente ultrapassa os cinco anos após investimento.

Essas firmas são apelidadas de ‘foguetões’ devido ao seu crescimento explosivo. São empresas de alto risco que exigem financiamentos elevados: existem dezenas de insucessos para cada Lotus ou Compaq, exemplos clássicos de ‘foguetões’ com êxito.

A maioria das novas firmas segue um modelo oposto: um crescimento lento e seguro, sem investimento externo. Estas empresas são conhecidas como ‘tartarugas’.

Segundo Darius Mahdjoubi da Universidade do Texas, os ‘foguetões’ (cerca de 0,2% das «start-ups») são responsáveis por 20% dos empregos criados por novas empresas nos EUA. As ‘tartarugas’ contribuem do mesmo modo para a geração de emprego, embora representem quase 80% das «start-ups» norte-americanas.

Dariusargumenta(http:// www.ischool.utexas.edu/˜darius/Action_Business_Planning-PPT-Brief.pdf) que existe um terceiro tipo de empresas relevantes: as firmas ‘gazelas’ (cerca de 20% das «start-ups») que se desenvolvem lentamente na fase inicial mas que depois crescem rapidamente, com investimentos reduzidos. A Microsoft e a Dell são apresentadas como exemplos paradigmáticos: passaram para um domínio dos respectivos sectores depois de, nos primeiros anos, facturarem menos do que as rivais Lotus e Compaq.

As qualidades destas empresas são similares às dos maratonistas: mantêm-se na corrida com resiliência até surgir uma oportunidade para se destacarem do pelotão. A aposta na investigação é habitualmente superior à das empresas rivais do modelo ‘foguetão’, garantindo o futuro. A sua contribuição relativa para a geração de novos empregos atinge os 60% nos EUA.

O modelo de empresa ‘foguetão’ é encorajado habitualmente em competições nacionais para jovens empreendedores. Mas os benefícios deste modelo são duvidosos considerando os riscos associados. O modelo de empresa ‘gazela’ é aquele que, a prazo, mais beneficia os empreendedores, accionistas e países.

Fonte: Presidente da Y-Dreams, Expresso, 8 de Março de 2008

terça-feira, 4 de março de 2008

A Comunicação da Inovação

Luke W, colaborador do Yahoo, considera que o «design» é o factor decisivo na afirmação de produtos inovadores. De facto, produtos como I-Phone distinguem-se sobretudo pela sua interface revolucionária. Mas a qualidade do «design» de um produto é só por si insuficiente para o afirmar: tem que ser comunicada de forma efectiva.

Essa comunicação começa por ser intraorganizacional. O inventor tem que convencer a gestão a investir no desenvolvimento do produto. A deficiente formação em comunicação de muitos criadores tem contribuído para a rejeição de produtos, com um potencial significativo, nesta fase. Uma paródia a uma apresentação típica de um inventor pode ser vista em http://www.youtube.com/watch?v=XZKWCuEFze0 .

A Web é hoje o ambiente mais apropriado para a fase seguinte: a comunicação externa. Blogues como o Engadget, Gizmodo e Boing Boing são extremamente populares e o seu factor de impacto supera frequentemente o dos «media» tradicionais. Estes «sites» tecnológicos são aliás dominantes nas classificações mundiais de blogues segundo o Technorati (http://www.technorati.com/pop/blogs ). Uma referência publicada num deles pode ser decisiva para o sucesso de uma invenção.

Uma peça de vídeo publicada previamente no You Tube, ou serviço similar, é o elemento central na comunicação de um produto num blogue. O sucesso de um produto correlaciona-se crescentemente com o êxito do seu vídeo.

Os «sites» das empresas tecnológicas estão a incorporar esta linguagem transformando-se num conjunto de canais de microvídeos. O «site» experimental do MIT Tech TV (http://techtv.mit.edu/) demonstra o potencial desta evolução.

As deficiências na comunicação parodiadas no documento supracitado têm vindo a ser corrigidas através de cadeiras de comunicação escrita e oral nos cursos de engenharia. Mas a importância crescente do vídeo na Web introduz a necessidade de uma outra aprendizagem para os que participam na comunicação da inovação: a da linguagem visual associada a este meio.

Fonte: Expresso, 9 de Fevereiro de 08