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domingo, 22 de junho de 2008

O colector de ideias

O esforço para invalidar uma nova ideia é gerador de conhecimento útil

A inovação nasce das ideias aplicadas com um determinado propósito prático. Uma vez que os colaboradores de uma empresa são a sua maior e mais importante fonte de ideias, é compreensível que se deve aproveitar ao máximo esse potencial.

As empresas líderes em inovação sabem-no bem, porque baseiam a sua competitividade na capacidade de gerar ou absorver conhecimento e de o encaminhar por processos de criação de riqueza, orquestrados pelo que se costuma designar por Sistema de Gestão da Inovação (SGI). Neste contexto de captação de novas ideias para o negócio, um dos módulos mais importantes de um SGI é o chamado ‘colector de ideias’.

Acessível a todos os colaboradores, a sua utilização em modo «bottom up» deve ser encorajada pela liderança da empresa. Neste processo, a cada colaborador que participa com a sua ideia deve ser sempre dado um «feedback», o mais completo possível, seja a ideia válida, isto é, com potencial de implementação, ou não. O sistema que avalia as ideias é normalmente constituído por uma rede informal de pequenos grupos de colaboradores, agregados por critérios claros retirados da estratégia de inovação da empresa e com competências específicas por área tecnológica e/ou de negócio.

A estes grupos a empresa tem de disponibilizar tempo, regras de actuação e ‘ferramentas’ de inovação. Num sistema em que o colector já atingiu quer a massa crítica quer a velocidade de cruzeiro, o resultado normal tende a ser o ‘chumbo’ para a grande maioria das ideias. Mas será isso mau? Não, porque o sucesso deste processo não pode ser apenas medido pela taxa das ideias que passam à fase de implementação e ao respectivo valor criado mas também pelo «spill over» que surge das actividades de análise e discussão. Da minha experiência profissional, pude concluir que o esforço que a organização tem para invalidar uma nova ideia não é perdido mas sim gerador de conhecimento útil para a empresa. A reprovação de uma ideia induz ao debate «out of the box» e ao aprofundamento, sob novos ângulos, dos temas em análise, numa lógica de criação destrutiva.

Fonte: João Picoito, Expresso, 29 de Dezembro de 2007

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